9 de maio de 2011

"Enfim livre."

Apesar de tudo, ela sussurrou essas palavras em um tom que só ela conseguiria ouvir. Estava arrasada, sim. Ninguém nunca disse que foi fácil superar um coração partido.

Mas, sabe aquela sensação de correntes se quebrando, de uma respiração mais leve, de um corpo mais ameno? Era exatamente isso o que ela sentia.

Não soube o motivo da partida, e na melhor das hipóteses, é melhor ficar sem saber mesmo. O que isso iria ajudar? A concertar seu coração em fiapos? Não. A tê-lo de volta? Nunca mais. A única convicção que ela tinha, era que nunca mais iria passar pelo que passou, nunca iria tentar de novo e fazer o que fez.

E ela tentou. Juro que ela tentou. Uma, duas, três, quatro vezes. Sabe o desgaste do sentimento com o tempo? Ela não sentia. Ia se envolvendo, se envolvendo, e acabava na mesma emboscada maldita, sempre. Nada nunca mudava, muito menos ele.

Todos falavam que ele tinha melhorado, virado um cara direito, que não tinha mais aquele sangue frio e coração de pedra. Mas na verdade, sabe quem melhorou? Ela. Todas as vezes que suas lágrimas caiam, ela sabia, estava certa que isso iria fazê-la mais forte. E sabe? Ela ficou mesmo.

Tecnicamente, ela foi traída, de um modo estranho, mas foi. Traída com palavras, abraços falsos, pedidos que não condizem com o que está acontecendo agora. Mas, emocionalmente, ela estava se sentindo traída todos os dias, quando acordava. Suas pernas, suas mãos, seu coração, e até mesmo seu olhar a traía, quando ela chegava perto dele. Sua mente a traiu, e se apaixonou, denovo e denovo, pelo mesmo idiota que a fez sofrer repetidas vezes.

Mas, dessa ultima vez, nem doeu tanto. Ela nem se machucou muito. Muito menos se humilhou e esqueceu o seu orgulho. E quer saber? Foi até melhor. Quem sabe, hoje, amanhã, daqui um ano, ela encontre quem lhe queira de verdade. Sem primeiras opções ou partidas imediatas e espontâneas. Talvez, ela seja a primeira e única na vida de alguém.

Talvez, mas só talvez, ele perceba o quanto perdeu. E ela perceba o quanto ganhou. A paixão é um jogo justo, no final, tudo se anula, quem sofreu primeiro, ri depois, e quem ri no começo, depois tem seu coração partido em milhares de pedaços, e sem cola para consertar o estrago.